Inaugurada em 28 de outubro de 2011, na gestão do prefeito Clésio Salvaro e vice Márcio Búrigo, a Mina de Visitação Octávio Fontana celebra mais um aniversário como um dos símbolos mais marcantes da história e da identidade de Criciúma. Única mina de carvão mineral aberta à visitação na América Latina, o espaço mantém viva a memória de uma atividade que moldou o desenvolvimento econômico e social da cidade, a mineração.


O legado de Octávio Fontana
A mina homenageia Octávio Fontana, filho de Fiorindo Fontana e Maria Benincá Fontana, nascido em 25 de setembro de 1926, em Criciúma, no bairro Naspolini. Casado com Beatriz Philomena De Noni, teve seis filhos: Fiorindo, Maria Luiza, Carmen Luzia, Luiz Carlos, Albertina Raquel e Maria Dolores.

Por quase 30 anos, o carvão foi o centro de sua vida. Participou como sócio em diversas carboníferas nas décadas de 1970 e 1980. Fontana integrou uma geração de homens que saíram da roça para transformar a região em um polo de desenvolvimento e progresso.
Conhecido por sua simplicidade, educação e bondade, Octávio era respeitado por todos os que conviviam com ele. Seu nome hoje está gravado no local onde nasceu e trabalhou, símbolo do esforço de uma vida dedicada ao trabalho e à família. Faleceu em 5 de janeiro de 1988, deixando um legado que ultrapassa o carvão: um exemplo de humildade e determinação.

Uma mina que virou história
Localizada no bairro Archimedes Naspolini, a área da mina pertencia à CBCA e foi explorada pela Mineração São Simão Ltda., empresa fundada inicialmente por Octávio Fontana, Jovenil Zilli e outros sócios, permanecendo Octávio e Jovenil na sociedade.
Em 2010, a Prefeitura de Criciúma adquiriu o terreno de Osmar Naspolini (Galego) e, com autorização do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), iniciou as obras de reabertura e revitalização do espaço. A inauguração oficial ocorreu em 28 de outubro de 2011, marcando o início de uma nova fase de preservação histórica e turística.
O local conta com galerias subterrâneas, um casarão de madeira inspirado nas antigas apontadorias, onde estão expostos equipamentos e ferramentas do início da mineração e uma réplica em miniatura da locomotiva de 1922, que conduz os visitantes por uma viagem ao passado. A administração do local é feita pelo Colégio SATC.


Jovenil Zilli, a memória viva do carvão
Aos 94 anos, Jovenil Zilli é o último representante vivo da primeira geração de mineradores de Criciúma. Nascido em 6 de dezembro de 1931, filho de Abramo Zilli e Irene da Soler Zilli. Casou-se com Carmelina Cechinel Zilli (in memoriam), com quem construiu uma grande família, sete filhos: Mª Sônia, Vanderlei, Mª Sonir, Mª Salete, Valdecir, Valdenir e Vilmar. Hoje, sua vida é marcada pelo carinho dos filhos, onze netos e sete bisnetos.

Iniciou sua trajetória no carvão aos 18 anos, trabalhando nas minas da Companhia Brasileira Carbonífera de Araranguá (CBCA). Após 35 anos de dedicação, aposentou-se em 1984, mas seguiu ligado ao carvão ao tornar-se sócio na Mineração São Simão Ltda, ao lado de Octávio Fontana. Mais do que parceiros de negócios, eram compadres e amigos de vida: um batizou o filho do outro, selando uma amizade que atravessou o tempo.
A crise do carvão atingiu em cheio a região no início dos anos 1990. Sem conseguir manter a produção, a empresa encerrou suas atividades em 1992, sendo vendida para Antônio Ávido Pacheco e Sérgio Melo. Juvenil guarda lembranças duras desse período, como o acidente com um caminhão que levava mineiros para o trabalho e caiu na curva da Areia, deixando vítimas. Outra lembrança dolorosa foi a morte do sócio e compadre Octávio Fontana.
“Trabalhar ao lado do Octávio foi mais do que dividir responsabilidades de uma empresa. Foi partilhar a vida, criar laços que se estenderam à família e que até hoje fazem parte da história do bairro São Simão”, recorda Zilli, emocionado.
Hoje, vivendo na Rua Octávio Fontana, no bairro São Simão, Jovenil mantém a rotina simples que o acompanha desde jovem: acorda cedo, cuida do jardim, planta flores e hortaliças, e reparte o que colhe com os filhos. Entre canastras, palavras cruzadas e torcer para o Criciúma Esporte Clube, carrega a serenidade de quem ajudou a construir a cidade com as próprias mãos.

Um patrimônio de todos
Mais do que um ponto turístico, a Mina de Visitação Octávio Fontana é um monumento à história de trabalho, amizade e coragem. Em cada galeria preservada, ecoam vozes de homens que transformaram o subsolo em progresso e que, como Octávio e Jovenil, deixaram um exemplo de vida para as próximas gerações.





